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Culturas de mulheres africanas são foco de documentário no Festival do Rio

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O filme "Tão Longe é Aqui" levou a jornalista Eliza Capai a viajar para Marrocos, Cabo Verde, Mali, Etiópia e África do Sul, para entender a identidade brasileira influenciada por uma bagagem cultural da mulher africana. O documentário será exibido hoje no Rio de Janeiro.

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Culturas de mulheres africanas são foco de documentário no Festival do Rio

O filme "Tão Longe é Aqui" levou a jornalista Eliza Capai a viajar para Marrocos, Cabo Verde, Mali, Etiópia e África do Sul, para entender a identidade brasileira influenciada por uma bagagem cultural da mulher africana. O documentário será exibido hoje no Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro – Os encontros com mulheres de diferentes culturas de países da África são o centro do documentário “Tão Longe é Aqui”, da diretora Eliza Capai, que será apresentado hoje (8) no Festival do Rio.

A documentarista e jornalista disse à Agência Brasil que a motivação da viagem ao continente africano foi entender a identidade brasileira influenciada por uma bagagem cultural africana tão forte e ainda desconhecida.

“A gente tem ideias genéricas de lá. A viagem parte desse genérico das africanas, escolhemos países com culturas diferentes para contradizer a unidade das africanas”, explicou.

Eliza começou a viagem em janeiro de 2010 com uma câmera e uma mochila. Durante sete meses visitou Marrocos, Cabo Verde, Mali, Etiópia e África do Sul e se deparou com assuntos diversos como poligamia, o uso do véu, mutilação, aids e punições para o sexo antes do casamento. “As mulheres que eu encontrei eram absolutamente diferentes, tanto da gente, como entre elas”, contou.

Quando chegou na Etiópia e no Mali, onde foi a vilas mais isoladas, notou que a busca pela identidade brasileira seria mais difícil. “O ser brasileira não significava nada, porque como não há turistas brasileiros lá e não tem energia elétrica. Quando eu falava me associavam a uma europeia, e no lugar de ser de um país colonizado, eu virei a colonizadora”, compara a cineasta, “e o fato de eu ser reconhecida como colonizadora foi uma experiência muito forte”.

Para Eliza, o fato de lidar com o incompreensível o tempo todo na Etiópia, porque não ser colonizado e não ter uma língua em comum, a obrigava a observar se esforçando para não julgar a cultura. E ela completa: “Fui para responder algumas questões e voltei com muito mais dúvidas e interrogações. Acho que essa foi a grande riqueza da viagem”.

Em Marrocos o contato com uma advogada também gerou na diretora muitas reflexões sobre o islamismo.  “Ela é islâmica, não bebe, mas não usa véu e exerce o islamismo da forma dela. Quando eu comecei a falar do feminismo, ela disse que o véu faz a mesma coisa da teoria feminista que é proteger a mulher dos olhares mais para baixo. Ela deu uma outra leitura do islamismo e fiquei muito feliz de ter um outro ponto de vista. O que mais me impactou foi repensar conceitos que eu tinha, repensar estereótipos”, disse.

O filme não recebeu recursos oficiais e foi produzido com o esforço de amigos e com financiamento coletivo. O documentário foi exibido em julho no Festival Internacional de Cinema Feminino Femina, no Rio de Janeiro, e levou o Prêmio Especial do Júri.


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Escrito por: África 21 Digital

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